sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Sábios Ébrios

Camaradas,
Hoje eu estendo a sabedoria de sábios de outras paragens a todos nossos leitores. Deixo-os com suas próprias palavras:












O Ébrio (Vicente Celestino)

(veja excelente cena com essa canção em http://milvinil.multiply.com/video/item/29)

Tornei-me um ébrio e na bebida busco esquecer
Aquela ingrata que eu amava e que me abandonou
Apedrejado pelas ruas vivo a sofrer
Não tenho lar e nem parentes, tudo terminou
Só nas tabernas é que encontro meu abrigo
Cada colega de infortúnio é um grande amigo
Que embora tenham como eu seus sofrimentos
Me aconselham e aliviam os meus tormentos
Já fui feliz e recebido com nobreza até
Nadava em ouro e tinha alcova de cetim
E a cada passo um grande amigo que depunha fé
E nos parentes... confiava, sim!
E hoje ao ver-me na miséria tudo vejo então
O falso lar que amava e que a chorar deixei
Cada parente, cada amigo, era um ladrão
Me abandonaram e roubaram o que amei
Falsos amigos, eu vos peço, imploro a chorar
Quando eu morrer, à minha campa nenhuma inscrição
Deixai que os vermes pouco a pouco venham terminar
Este ébrio triste e este triste coração
Quero somente que na campa em que eu repousar
Os ébrios loucos como eu venham depositar
Os seus segredos ao meu derradeiro abrigo
E suas lágrimas de dor ao peito amigo

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Hoje na Folha saiu entrevista de Laura Mattos com outro ébrio: (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2202200818.htm)

FOLHA - Como será seu novo disco?
ZECA PAGODINHO - Ué, de samba.

FOLHA - Isso eu já imaginava...
PAGODINHO -
É o que faço sempre, com Zé Roberto, Arlindo, Almir Guineto, Monarco...

FOLHA - Você compôs algo?
PAGODINHO -
Deixo com a rapaziada, porque é uma caderneta de poupancinha pra eles. Tem um pessoal que tá lá atrás, precisando arrumar um qualquer.

FOLHA - Você fez 49 anos agora. Com se sente quase cinqüentão?
PAGODINHO -
Tem muita gente que eu conheci que não conseguiu chegar nem a 30 porque ficou doente, mataram, sumiu.

FOLHA - O que acha do Zé da Feira [Eri Johnson], o sambista de "Duas Caras" inspirado em você?
PAGODINHO
-
As dificuldades de subir na carreira têm a ver comigo. É um cara que lutou, teve dificuldades, o vício da bebida, conheci várias pessoas assim.

FOLHA - O fato de ele ser alcoólatra não incomoda?
PAGODINHO -
Mas eu não sou alcoólatra, não ando caído de bobeira na rua. Ele é inspirado, porra, não é o Zeca Pagodinho.

FOLHA - A cerveja não atrapalha a sua vida em nenhum momento?
PAGODINHO -
Minha vida é que atrapalha a minha cerveja. Quando tô bebendo, tem sempre alguém pra falar comigo.

FOLHA - Você se irrita por sempre ser procurado para falar de cerveja?
PAGODINHO -
Não, isso é porque tô no auge. Se tivesse lá embaixo, ninguém lembrava de mim.

FOLHA - O que pensa sobre o projeto de tornar crime dirigir após tomar mais de duas latas de cerveja?
PAGODINHO -
É certo. Fizemos o bloco da Cachaça; a letra do samba dizia que "volante com cachaça não combina, sou um cachaça, mas não sou burro". Fiz um outdoor "Se beber, vá de táxi". Já tão achando que levei uma nota dos táxis, do Detran, não levei porra nenhuma, levei sim uma luta pela vida.

FOLHA - Você dirige após beber?
PAGODINHO -
Não, nem antes.

FOLHA - Você não dirige?
PAGODINHO -
É porque tô renovando minha carteira, nunca dá, e pra não ficar me aporrinhando vou andando a pé, tem motorista, entro em qualquer carro, "me deixa ali cumpade".

FOLHA - Continua irritado com o ministro da Saúde [que propôs que artistas não anunciassem bebida]?
PAGODINHO -
Não, não é um cara de bobeira não, sabe o que faz. Mas tem que ter um projeto mais de educação do que punição. Aí vai prender, e qualquer dia essa porra vai virar só grade.

FOLHA - E a reclamação dos gays que não gostaram da tradução de "happy hour" para "hora alegre" em seu comercial da Brahma?
PAGODINHO -
Falei pros caras que ia dar problema, mas eles mandam. Não tinha a intenção de ofender. Eu me dou bem com todo mundo, tem uma porrada de veado que vem aqui em casa, cada um na sua, eles pra lá, eu pra cá. Quem quer dar dá, quem quer comer come, cada um viva a sua vida.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Fidel Desistiu


Camaradas,

Interrompo a bela e relevante seqüência de posts dedicados às mulheres para tratar de um assunto de extrema relevância: Fidel anunciou que não será candidato ao cargo de Presidente do Conselho de Estado, cargo que ele ocupou desde 1976, quando a atual constituição cubana passou a vigorar.

Fidel desistiu. A vida humana é mais curta que a vida das idéias, do que o tempo histórico de um povo e um país. Mas ele lutou bravamente por toda sua longeva vida, inspirou ideais e força para pelo menos três ou quatro gerações.

Mas esse não é um epitáfio. Fidel ainda está vivo. A nova configuração em Cuba já estava sendo desenhada desde, pelo menos, o anúncio de sua doença. Sai do comando mas continua como farol que ilumina os caminhos da ilha! Fidel vive e ainda viverá para orientar o povo cubano e os revolucionários de todo mundo. Humildemente, sua coluna semanal no Granma mudará de nome, de “Reflexiones del Comandante en Jefe” para “Reflexiones del Camarada Fidel”.

Longa vida a Fidel! Longa vida a Cuba revolucionária!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

As mulheres e as pérolas

Sobre a elevada discussão acerca das mulheres iniciada por meu sábio amigo León, inicialmente vou apenas transcrever um diálogo que tive com um dos meus discípulos há algumas décadas...

DISCÍPULO: Sábio Mestre, poderia ensinar-me a diferença entre a pérola e a mulher?

EU: A diferença, humilde gafanhoto, é que numa pérola pode-se enfiar por dois lados, enquanto numa mulher, somente por um lado.

DISCÍPULO (um tanto confuso): Mas Mestre, longe de mim contradizer vossa infindável sabedoria, mas ouvi dizer que certas mulheres permitem ser enfiadas pelos dois lados...

EU (com um sorriso): Neste caso, curioso gafanhoto, não se trata de uma mulher, mas sim de uma pérola!

Mediteis...

Regra Três (Vinícius e Toquinho)

Tantas você fez
Que ela cansou
Porque, você rapaz
Abusou da regra três
Onde menos vale mais

Da primeira vez ela chorou
Mas resolveu ficar
É que os momentos felizes
Tinham deixado raízes no seu penar
Depois perdeu a esperança
Porque o perdão também cansa de perdoar

Tem sempre o dia em que a casa cai
Pois vai curtir seu deserto vai
Mas deixa a lâmpada acesa
Se algum dia a tristeza
Quiser entrar
E uma bebida por perto
Porque você pode estar certo
Que vai chorar

foto: Casa Vazia (Kim Ki-duk)