domingo, 13 de abril de 2008

Reflexões teológicas – Parte II

Camaradas,

É evidente que alguns leitores assíduos de nossa sabedoria ficaram um pouco espantados por eu ter indicado a barata – um ser notoriamente nojento – como o escolhido de Deus para reinar sobre a Terra. Reitero que isso é uma dedução empírica livre de arbitrariedades.

Mas o Criador também reservou um lugar especial para os humanos sua segunda espécie favorita. Somos bem-quistos por dois motivos principais: a completa incompatibilidade entre o que pensamos e a forma pela qual agimos e, em menor grau, porque somos muito úteis à sobrevivência e predomínio das baratas na Terra.

Dessa forma, o Criador foi muito benevolente conosco. Criou a baía de Guanabara, o Corcovado, o Pão-de-Açúcar, a Lagoa e um sem-número de composições geográficas e que deram à região um aspecto de Éden. Sim, Ele escolheu o Rio para ser um portal para a felicidade dos humanos.

Infelizmente, ao deixar a livre-iniciativa humana agir, viu seu paraíso tropical ser tomado por uma cidade insalubre e urbanamente desagradável. Deus insistiu. Criou Ipanema. E durante muito tempo ali foi o verdadeiro portal da redenção. Palco da Garota e da bossa-nova, Ipanema foi por um bom tempo o lugar favorito de Deus e dos humanos.








Mas como tudo, demos um jeito de estragar. O bom Deus, então, criou o Leblon – uma espécie de mini-Ipanema livre da proximidade com a – argh! – princesinha do mar Copacabana. Lá o Criador colocou uma representação comercial do paraíso. É como se fosse um estande de vendas de apartamentos novos, onde se pode ver a planta, uma maquete e ficar sonhando com o futuro feliz da sua família num três-quartos-com-dependência-lazer-completo-e-espaço-gourmet. A diferença é que não espírito pequeno-burguês. Falo, é claro, do Bracarense.

Ah, o Bracarense. Lá a eu sou feliz. Lá sou amigo do Rei. Dona Alaíde é a profeta que traz as palavras de Deus por meio de seus quitutes e delicinhas. O néctar é servido gelado e todos se deliciam com o paraíso na Terra.