sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Octopussy (1983)



007 assume seu caráter escrachado, de um humor pouco sofisticado e bastante raso. Eu não gosto desse filme, a não ser por detalhes muito curiosos. Comecemos pelo que não gosto.


James, em campanha de aumento salarial.

As piadas são infames. James se disfarça de gorila, de jacaré e de palhaço. Além disso, numa cena na selva, salta pendurado num cipó gritando como Tarzan. É uma referência evidente a Indiana Jones, filme que se inspira e parodia o próprio 007, mas que, depois de tanto sucesso, retroalimenta sua origem e também marca alguns momentos de Bond. A cena na selva e a seqüência de lutas incríveis nas ruas de Déli (Índia) são claras marcas da força que os filmes de Spielberg e Lucas tiveram sobre os de Brocolli.


Jimmy, fugindo de um míssil Heat Seeker

Não é demais lembrar que o início dos anos 1980 foi marcado por dois tipos básicos de herói: Rambo e Indiana Jones. James Bond, que nunca foge ao seu tempo, aproximou-se mais do último, graças a Roger Moore, nessa altura já um senhor. É claro que não é possível imaginar um Rambo com a sofisticação de Bond, mas o tempo foi suficiente para inventá-lo, com a chegada de Dan Craig. Deve-se lembrar também que Luke Skywalker, (a essa altura terminando a trilogia Jedi) não é um tipo muito inspirador. Han Solo, por outro lado, é malandro como James Bond e Indiana Jones.


Bond, disfarçado de cubano.

Outra coisa que não gosto é a estrutura elementar da trama. Como em muitos outros filmes da série (e já comentei isso aqui) 007 é mandado para investigar algo aparentemente simples, porém suspeito, que é apenas a ponta de um sofisticado plano para destruir/dominar/alterar a ordem do mundo. Ou seja, o serviço secreto não tem a menor idéia do que está por acontecer, mas graças a um erro ou capricho do vilão, acaba chamando atenção e Jimmy vai lá e salva o mundo na última hora.


Chegada sorrateira ao castelo do vilão.

A trama dessa vez envolve uma contrabandista de jóias (algo parecido com Diamantes São Eternos), que está associada a um grande vilão magnata e um general soviético megalomaníaco. O plano deles é explodir uma bomba nuclear em Berlim Ocidental e, com isso, incentivar o desarmamento no ocidente, o que viabilizaria uma invasão soviética na Europa.


Magda é uma isca do vilão. Mas no fim ela se arrepende e ajuda o mocinho...

Tempos interessantes aqueles. Enquanto Regan apertava as coisas, a opinião pública do “mundo livre” ansiava pelo desarmamento. Os líderes soviéticos eram velhacos que se sucediam rapidamente e não conseguiam solucionar os problemas internos do mundo socialista. Poucos meses depois, Gorbachev apareceu...


Comitê estratégico soviético. O vilânico general maluco rivaliza com gen. Gogol, o ponderado e mulherengo líder socialista que aparece em vários filmes de 007.

Admito que, com exceção desses comentários, eu gosto dos detalhes do filme. Jimmy está muito maduro. Moore quase foi substituído nesse filme, mas o lançamento do “007 paralelo” Never Say Never Again (a ser comentado), com Sean Connery, adiou os planos de um novo Bond. Com isso, a bondgirl também é a madura – e linda – Maud Adams, interpretando Octopussy, a líder de uma organização só de mulheres lindas que contrabandeia jóias e vive num castelo flutuante, guerreiras como as Amazonas, num rígido regime espiritual e de valores. Lembro que Maud Adams já havia participado do filme The Man With the Golden Gun, sendo a amante do vilão. É o único caso de uma atriz que interpreta duas bondgirls.


Maud, a madura Octopussy.


Indiana Jones se encontra com Sra. Oitogatos.

Por falar em maturidade, Moneypenny interpretada por Lois Maxwell, já estava anunciando sua aposentadoria e apresenta sua nova assistente, a bela Penélope Smallbone. Essa idéia foi abortada, sendo que no filme seguinte Maxwell aparece pela 14ª, e última vez, mas no 15º filme a personagem volta, interpretada por uma nova atriz.


Smallbone e Moneypenny, suspirando a chegada de 007.



Um novo ator para o velho M. Presenteando seus amigos na semana da páscoa.

Por algum motivo curioso, é nesse filme que o personagem Q faz mais aparições, tendo bastante importância na trama dando suporte a Bond em várias tarefas. Além de fornecer brinquedinhos, também fica pescando à espera do retorno de Jimmy à ilha da maravilha (QG de Octopussy) e, por fim, dirige um discreto balão que transporta o herói até a seqüência final de ação.




Q é recebido pelas octopusetes..


Tv de plasma no relógio. Com programação adulta.


Momento metalinguístico.

Quem foi substituído nesse filme foi o tradicional ator Bernard Lee, interprete de M, que morreu em 1981 e já não havia participado no filme anterior. O papel coube a Robert Brown, que na verdade parece interpretar a mesma pessoa e não um novo chefe do serviço secreto. Tal mudança só aconteceu em 1995, com a chegada de uma nova M, dessa vez mulher, interpretada por Judi Dench.


Jimmy andando de trem...


... e de avião. Parece que ele não gosta de pagar passagem.

O feminismo, porém, não precisou esperar os anos 1990. Apesar da liberação sexual ainda experimentada por Bond (numa média de três a quatro amigas por filme, até a chegada de Timothy Dalton), a organização de Octopussy é uma clara alusão ao poder feminino. A seqüência final de ação é protagonizada por suas mulheres dando surras nos vilões, depois que Bond mostra a elas que estavam sendo enganadas em sua associação original. Não há nada mais violento que mulheres traídas...


El Comandante!

Entes de acabar, gostaria de destacar a presença ilustre de Fidel Castro logo na cena inicial, quando Bond destrói uma base militar em Cuba, enquanto acontece algum evento eqüestre com a presença do Comandante. Para essa tarefa, Jimmy conta com a ajuda de Bianca, uma personagem meio desconhecida, que lembra Paula Kaplan em beleza e função.


Bianca, sempre disposta a ajudar as missões mais difíceis.

Por fim, o toque de realizmo é dado pelo fato de Bond se machucar todo depois da aventura. A cena final é marcada por ele estar todo amarrado e engessado, ganhando beijos de Octopussy...


Jimmy também é humano

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

For Your Eyes Only (1981)



De tirar o fôlego. Para superar o insuperável Moonraker e resgatar James Bond ao mundo terreno, em For Your Eyes Only as seqüências de ação são extensas, intensas e ambientadas nos mais diversos meios: helicóptero, carros (um adorável Citroen 2CV, já que a Lotus foi implodida), esqui de neve, esqui aquático, escafandros e, ufa!, rapel. Talvez eu tenha esquecido de algo...


A cena inial mostra Bond visitando o túmulo de sua esposa, Tracy. Uma das poucas referências ao fato de ser viúvo em todos os filmes da série.


A sequencia inicial retoma também Blofeld, o assassino de Tracy, em uma cadeira de rodas controlando o helicóptero onde está Jimmy que, evidentemente, supera a situação e manda o vilão para a cucuia.

Roger Moore, aos 54, já dá sinais de alguma fadiga física, movendo apenas as sombrancelhas e deixando para os dubles todas as cenas de ação (que usam planos abertos). Mas seu carisma é tão grande, que sua elegância e charme são aproveitados por mais dois filmes seguintes.


A cinquentona Moneypenny (Lois Maxwell, que interpretrou a personagem 14 vezes), se arruma para a chegada de Jimmy. Notem o chapéu...


Os anos 1980 estavam começando e a guerra fria apertou, com Regan pressionando cada vez mais a capacidade tecnológica e produtiva dos soviéticos, de forma explícita e declarada. O inimigo desse filme é, pois, a URSS, apesar dos vilões serem mercenários. Uma trama lembra um pouco aquela de From Rússia With Love, às avessas: uma máquina codificadora inglesa é perdida e a KGB está pagando alto para bandidos capturem-na. Cabe a Jimmy conseguir a máquina antes... o vilão secundário é um esportista da Alemanha Oriental, auxiliado por um matador cubano. Coisa fina. Fica ainda mais fino quando, depois de salvar o mundo, Bond recebe uma ligação de Margareth Tatcher em agradecimento.


Versão antiga, emprestada do Spy Who Loved Me.


Versão nova, praticamente sem uso. À venda no E-bay.


Pra que uma Lotus, se é possível fugir num clássico francês?...



Pra que férias, se é possível esquiar a trabalho?...


Esportes radicais? Não, um homem deve atender a seu dever.

Nesse filme, Bond está deliberadamente responsável e maduro. Talvez pela idade de Moore, de forma que as piadinhas são menos traiçoeiras e o trato com as mulheres menos cafajeste. Basta lembrar que Jimmy recusa-se a conhecer melhor Bibi, uma patinadora pós-adolescente, preferindo dedicar-se a seduzir uma quarentona, e condessa, cujas artes envolvem ter sempre champanhe e ostras na geladeira. A patinadora, quiçá, convidaria para um sorvete.


Bibi, que vai ganhar a medalha de ouro, mas não conhece sobre o amor


Bibi, jogando a toalha. Coisa que James faz na sequencia e evita integração inter-geracional...


... para depois se entreter com a experiente Condessa

Mas a mulher do filme é mesmo Melina, a filha de um arqueólogo que antes de ser morrido pelo cubano prestava serviços para o MI6. Buscando vingança, a moça sai por aí matando gente a flechadas, usando uma besta. A beleza de Melina (Carole Bouquet) é de tal forma especial que me faltam palavras. Seu olhar guarda qualquer coisa de tristeza, mas nenhuma inocência. É uma mulher no auge de seus trinta anos (apesar da atriz ser um pouco mais jovem que isso), decidida, conhecedora de si. Bond só terá o prazer de conhecê-la na última cena, quando ao deixar cair seu vestido, Melina anuncia “for your eyes only”.


Surge Melina. Enviada por Netuno, como uma sereia do mar Egeu.


Os olhos únicos de Melina


Melina no mar...


Jimmy e Melina, nos alpes


Jimmy e Melina, após arqueologia submarina


Não podia faltar...

A clássica cena da piscina...


tem um transexual nessa cena...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Futebol

Camaradas,

Todo sábio deve ser eclético. Toda sabedoria só é sábia se é extensível a todos os campos do conhecimento. Futebol, a paixão nacional, o elemento unificador da cultura brasileira, não poderia ficar de fora dos meus assuntos. Pois bem, melhor que falar de futebol, mostro uma pequena seleção de grandes lances. Acompanhados pela música de final da vida de Brian (clique aqui pra ver a cena no youtube).

Ao assistir o video, deslique a música da Rádio Sabiá, no lado direito do site, pra não criar confusões sonoras.

Tendo dito, até!


terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Novas tecnologias

Camaradas,

Estou de férias. Tenho estado bastante ocupado, mas sempre atuando com sabedoria. Descobri hoje uma nova opção do blog, de postar vídeos. Começo com uma piadinha inocente.

tendo dito, até!

Dia do Samba



Camaradas,

Mais uma vez interrompo minha saga para comentar assuntos do momento.

Hoje é o dia do Samba, a ser comemorado em todo território nacional. Acho bonito que uma vez ao ano exista um dia totalmente dedicado ao samba. As pessoas não trabalharão, exceto os serviços fundamentais, para que possam sambar nas ruas em comemoração à cultura nacional. As pessoas cantarão cada uma seu samba favorito e, na união de sons dissonantes, haverá um grande samba coletivo. As pessoas batucarão, nos ônibus, metrôs, mesas de bar e pandeiros espalhados por aí.

Todo dia é dia do samba. Todo dia é dia de exalar a felicidade a partir do sofrimento cotidiano. Todo dia é dia de cantar a tristeza de amores perdidos ou traídos. Todo dia é dia.

O dia do samba preserva a memória do nosso povo. Sambemos.

tendo dito,
até