quinta-feira, 25 de junho de 2009

Fora do Eixo

Camaradas,

O que nos empolga senão o mundo? O mundo são os outros. De repente, sair do eixo ajuda. É preciso sair pra ver. É preciso olhar de longe. Mesmo que seja da janela.



Por volta da meia-noite, quando todos os gatos são negros, as sensações sublimes se revelam.


Fora do eixo pressupõe ter estado com ele alinhado algum dia ou, mais precisamente, supõe a existência do tal eixo. No longo trajeto de sabedoria trilhado por nós, sábios, aprendemos que talvez o eixo nunca tenha existido. É apenas a metáfora para que possamos nos sentir desalinhados. Ah, essa sim é uma sensação sublime!

Às vezes as coisas acontecem e a gente nem sabe direito de onde vieram nem pra onde vão. É o que nos tira fora do eixo. É o que empolga. É bonito. É a vida.



Há tanta beleza por aí. Agradeço uma sábia amiga por me alertar da existência dessa gravação. E por estar fora do eixo.


Tendo dito, até!

domingo, 21 de junho de 2009

O filé de brontossauro

Camaradas,

O primeiro dia de inverno mostrou-se invariavelmente quente e aprazível na cidade do Rio de Janeiro. Na verdade, são os melhores dias por aqui: pouca chuva, pouca umidade, pouco calor, muito sol. Sábios eram os da corte imperial que passavam de maio a setembro por aqui e o resto do ano lá na serra petropolitana, onde o clima aceita humanos.

Mesmo fora do verão, a vida boêmia jamais perderá seu vigor! Enquanto existirem os otários, existirão os malandros! Enquanto existir o Estado, existirá o funcionário. Enquanto existir o INSS existirá o aposentado. E se tudo continuar assim, existiremos nós: os que gostam de viver.


Fred e sua família, pedindo um filé para viagem!


Há coisas deliciosas guardadas, escondidas nos bairros “que não figuram no mapa” do Rio de Janeiro. Viva o Cachambi. Trata-se de um bairro suburbano, agradável como muitos outros, que acabou ficando distante do centro dinâmico da balneário decadente, cemitério de fortunas. O Rio é um pouco autodestrutivo, percebo.

Na companhia adorável de outros dois sábios, Isaac e Lilith, aventurei-me pelo tempo perdido e conheci o delicioso filé de brontossauro. Uma iguaria que Fred Flinstone deixou como legado para toda a humanidade. Mas a aventura gastronômica foi bastante complexa, então vamos por partes, como diria Jack, o estripador.


Sabor! Muito sabor!


A começar pelo chope. Gelado. Com um belo colarinho. Ao estilo dos melhores servidos lá na capital. Há quem diga que depois do túnel Rebouças já começa a área de influência paulista. Talvez isso seja verdade. O chope era delicioso.

Bolinhos, ah os bolinhos! Na falta dos sugeridos de carne seca, experimentamos os de bacalhau. Nas palavras de Issac “só perdem para os de senhora minha avó”, grande dama da gastronomia portuguesa – vale registrar.


Sim, é isso aí!


Já que estávamos por lá, provamos também os bolinhos de feijoada. Uma inovação feita à base de massa de feijão (não como aquela do acarajé, uma triturada com a casca, preta), e recheada de couve mineira, carnes e outras coisas dessas que vêm numa feijoada. Talvez o melhor bolinho que já comi nessas paragens.

Não suficientemente contentes, provamos também o incrível pastel de camarão. Saboroso, temperado. Camarões grandes. Uma coisa fora dos padrões sulistas acostumados com o básico (e até outrora feliz) pastel do Belmonte. O Cachambi nos apresentou um mundo todo novo. Uma felicidade gastronômica impensável.


O gourmet que seleciona os ingredientes


Enfim, chegamos no motivo da visita: o filé de brontossauro. Uma coisa deliciosa preparada por Seu Pança, um simpático rapaz que fez questão de nos apresentar todos os ingredientes e a técnica de preparação do acepipe. Um tratamento que, de cá do túnel, jamais foi vivenciado. O Cachambi é realmente um lugar da felicidade.

Sabor. Muito sabor. O filé de brontossauro, tecnicamente falando, é o conjunto de carnes e gorduras que envolvem um grande osso. Provavelmente oriundo da costela do extinto animal. É difícil descrever em palavras. Mas a sensação é algo orgástica. Algo transcendental.



Nós, distintos sulistas quase turistas, nos deleitamos com tanta felicidade material. Mais que isso, percebemos no cardápio ainda algumas opções por serem testadas: a palmeira recheada de camarões (algo como um palmito de um metro e meio, aberto com muito recheio); os tais bolinhos de carne seca e, por fim e não por menos; o “enfarto completo”, conjunto de churrascos cujo nome fala por si.

Nossos horizontes foram alargados. O Rio jamais será o mesmo.

Voltaremos!

Tendo dito, até!