quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

O sertão vai virar mar

Camaradas,

O governo Lula sempre nos traz grandes surpresas. É difícil entender o que eles têm em mente. O ministro aloprado (também filósofo e pensador, além de professor de Harvard) Mangabeira Unger nos deliciou essa semana com um novo, promissor e progressista projeto: construir aquedutos levando água da Amazônia para o nordeste.

É uma idéia genial! E enganam-se aqueles que afirmam louco nosso ilustrado ministro. Não se trata de um repeteco da transposição do São Francisco. Não teremos padres fazendo regime nesse caso, nem ambientalistas enchendo a paciência. Será só alegria!

Mangabeira, além de tudo, é um grande boêmio. Seu projeto, no fundo, é transformar todo o nordeste numa grande Lapa. Sim! O nordeste tem um enorme potencial turístico que precisa ser desenvolvido. Com o novo aqueduto e seus arcos, haverá clima para sambistas, malandros, notívagos, boêmios e toda a juventude que curte uma balada invadirem o nordeste, enchendo aquela terra de música, cerveja e alegria!

Tendo dito, até!

domingo, 13 de janeiro de 2008

Segredos da Arte (part DEUX)

Camaradas e colegas sábios,

O sucesso da série Segredos da Arte anda despertando os sentidos do público leitor. Pois bem, continuemos com próximo tópico: Leonardo! Sempre me irrito ao ouvir sobre o código da Vinci. Por que? Em primeiro lugar, sabe-se que "da Vinci" não significa coisa alguma a não ser a procedência de alguém: Vinci é apenas uma localidade da região de Florença onde o nosso mestre Leonardo teria nascido. Mas com a mania anglófona de chamar todo mundo por qualquer coisa que não seja o primeiro nome, claro, por que chamá-lo de Léo se "da Vinci" soaria como, "McDonnald" do Ronald McDonnald?

Eu realmente não faço questão de lembrar o nome do autor do livro, mas infelizmente acabou de vir à memória: "Dan Brown". Agora quando estou visitando uma livraria sou obrigado e atravessar pilhas de livros de mistério/suspense envolvendo ordens monásticas, que subiu de 1 para algo em torno de 400, até chegar a uma seção neutra, como Culinária ou Dicionários.

Não vou entrar no mérito do conteúdo dessa literatura, a não ser pela simples constatação de que se tratan de livros que - à exemplo do Código da Vinci - tentam colocar o leitor da posse de um conhecimento secreto (ou a localidade de uma relíquia) - ainda que se apele regularmente para o termo "ficção".

Este post, na verdade, é para falar de Leonardo. Vamos a ele!

Sem dúvida o mais polivalente de todos os gênios existentes, Leo é revernciado não só pela beleza de seus trabalhos, mas principalmente por ter introduzido tão claramente as associações entre os campos do conhecimento e expressão humanos, como anatomia, botânica e geometria.

Não pretendo aqui repetir os textos encontrados por aí sobre Leonardo, mas me certificar que os leitores tenham uma base mais sólida sobre algumas de suas obras mais marcantes. Gostaria de destacar duas obras icônicas:

A primeira, o esboço do homem Vitruviano, que aparentemente serviria para estudar as proporções do corpo humano, revela a percepção de Leonardo da arquitetura das formas e da geometria anatômica que milhões de anos de evolução (ou Deus, sinta-se à vontade) garantiram ao ser humano.

Se prestarmos um pouco mais de atenção, temos ainda duas outras percepções.




1) Leonardo estaria tentando demonstrar quais os possíveis desenhos são possíveis se você deitar na areia e começar a mover seus braços e pernas na máxima amplitude;


2) Leonardo queria introduzir, como primeiro personal trainer da história, uma forma primitiva do que hoje conhecemos como "polichinelos".

A segunda obra sobre a qual gostaria de divagar por um breve momento é "A Última Ceia", também alvo de Dan Brown e a seita. Dessa vez eles tentavam mostrar que Jesus teria um caso com Maria Madalena, que por sua vez estaria retratada ao lado de Jesus no lugar de um dos discípulos mais jovens (logo ao lado esquerdo).
Mais uma vez, utilizando as técnicas de datação por carbono 14 e um pouco de raio X, temos no detalhe informações relevantes para resolvermos a pendenga.

Sobre a mesa, pode-se facilmente ver um baralhos Copag à frente de Jesus. Sem dúvida etavam jogando alguma modalidade de carteado. Mais: pelo naipe das cartas, podemos ver que Tomé está indicado para sua testa, onde encontramos uma carta 4 de paus. Enquanto isso, Jesus tem em sua mão um Ás de Espadas, também conhecido como Espadilha. Ora, estas cartas só poderiam se encontrar de maneira tão enérgica na modalidade conhecida popularmente como TRUCO (manilha velha).

Neste caso, o 4 de paus (ZAP) a carta mais forte do jogo. Pelo semblante desolado de Jesus, era uma jogada arriscada que poderia dar fim à partida daquela dupla.

Notem que Tiago, parceiro de Jesus, olha pasmo para a carta do mestre. Este teria supostamente trucado, tendo Tomé em seguida respondido com um sonoro meio pau pra cima do marreco. Jesus mandou cair e Tomé provavelmente colou a carta na testa, mostrando que ali era todo mundo pato mesmo. Jesus e Tiago: certamente uma dupla sem muito futuro nas mesas de carteado da Galiléia.

Voltando ao tema de Maria Madalena, sabemos que a mulher começou a participar ativamente nas mesas de truco e poker masculinas somente após a Segunda Guerra Mundial, quando foram chamadas para cobrir o trabalho dos homens na máquina de guerra americana (e mundial) e daí nunca mais voltaram a usar os aparelhos da linha branca da casa, além de contar com uma renda adicional para o jogo de azar.

Assim, posso dizer com categoria que a pessoa ao lado de Jesus, de fato, nunca poderia ser Maria Madalena, a não ser se fosse o caso de um Strip Truco ou se tivesse trazido uns salgadinhos. Como eles só tinham pão na época, muito provavelmente era um discípulo querendo formar uma dupla "de-próximo", esperando o perdedor da rodada.

Leonardo: mais um sábio na nossa galeria.

Da antropologia dos ingleses, ou Como os ingleses são bacanas

Nestes últimos dias andei preocupado com as nossas origens. Quando digo nós, não quero dizer paulistas, brasileiros, ou simplesmente sábios. Andei refletindo em nós, homens do mundo moderno. Quem somos nós? Do que gostamos? Por que gostamos do que gostamos? São algumas das questões que me coloquei madrugadas adentro.

Eis que fui remetido aos principais criadores desse mundo no qual vivemos hoje em dia, os ingleses. Devo confessar que sempre fui atraído pelo creme de la crème britânico, com seu british accent, sua elegante nobreza, a distinção da sua academia e a pose de seus líderes. Mas, nos últimos dias, algumas evidências, que antes passavam despercebidas, me fizeram ter a certeza de que sem os britânicos não seríamos nada.

Antes de mais nada, os caras inventaram o futebol. Aliás, junto com o futebol, inventaram o Rugby. Ou seja, os caras inventaram o que há de mais divertido para se fazer em alguns metros quadrados de grama e que capaz de mover milhares de coração. É o único negócio que consegue ser mais popular que a Coca Cola.

Depois, foram 4 ingleses que nos fizeram o grande favor de inventar o Rock. Sem os Beatles, o que seria da música popular hoje em dia?

Foi também na Inglaterra do século XVII que nasceu a tão valiosa Economia Política. Sem o grão mestre Adam Smith e a sua intelectualidade britânica, o que seria do nosso mundo? Como entender e perpetuar o tão crucial Mercado (já tratei de forma mais demorada esse ente da vida moderna em texto anterior).

Os caras foram do capeta. Se já não fosse o bastante, seus vizinhos escoceses, que na verdade nada mais são do que ingleses fajutos, inventaram o melhor amigo do homem!

Enfim, em tempos de supremacia de caipiras norte-americanos, que encaram o mundo como um grande rancho texano, não há como evitar o saudosismo dos anos victorianos, da Pax Britannica. Apenas a título de comparação, pergunto a vocês, leitores, quem foi o herói norte-americano da guerra fria? O Rambo, sujeito sem sal, com músculos esterilizados e que gostava de ficar metralhando a toa. Agora, e o herói britânico? James Bond, o agente secreto. Este que era herói. Se já não bastasse ser charmoso, galanteador e ter carros e ternos muito legais, ele ainda possuía licença para matar. Isto sim é dominação com estilo!

Carnaval no Bracarense

Camaradas,

Agora que sou um Sábio pleno, livre de dúvidas e indagações – todas sanadas no memorável dia 11 -, aproveito apenas as sensações da existência. Por isso, falarei dos prazeres da vida. Começando hoje pelo Bracarense.

Ah, o bom e velho Braca! Templo da alegria! Lá oramos e fazemos nossas devoções e oferendas a Baco. Deliciados pelos quitutes de dona Ju, incluindo o clássico bolinho de bacalhau e o imperdível bobozinho de camarão, os boêmios lá são felizes. O Braca é lindo porque é o único bar realmente boêmio freqüentado por belas moças de biquíni.

Meu novo objetivo maior de vida é ser chamado pelo nome pelos garçons do Braca. Até o último carnaval era participar do bloco que por lá aparece.

Explico. Nas minhas muitas andanças pelo Braca percebi um simpático velhinho que por lá estava todos os dias. Levava seu próprio banquinho de plástico, para não arriscar ficar de pé e pulava de mesa em mesa, com um copo de uísque. A cada mesa, uma nova dose. Em todas era bem recebido e assim também foi na minha.

Conheci Seu Osvaldo já no sexto chopp, meu, e quinto uísque, dele. Estava vestido com uma bela camiseta do “bloco da terceira idade”. O carnaval se aproximava e logo perguntei do que se tratava esse curioso bloco. “É um bloco carnavalesco como todos os outros, só que não tem bateria, não tem enredo e a gente não sai daqui. A gente senta e bebe”. Fantástico. O melhor bloco de todos. O bloco do Braca! Imediatamente perguntei se eu poderia adquirir uma camiseta daquelas e participar do bloco, mesmo tendo saído da primeira idade apenas há pouco. “Claro, meu filho, terceira idade é um estado de espírito!”.

Tendo dito, até!