domingo, 20 de janeiro de 2008

Cadê o rio?

Camaradas,

Hoje é dia de São Sebastião, santo padroeiro da cidade maravilhosa. Esse santo homem era soldado romano e, ao que tudo indica, dava um jeitinho para ajudar os amigos cristãos a se livrarem da perseguição do império. Naquela época a impunidade ainda não reinava e, pobre santo, foi condenado à morte por flechadas. Até hoje é representado com umas flechas fincadas pelo corpo (aí ao lado, na versão de Boticelli).

São Sebastião é padroeiro do Rio por ser um dos primeiros malandros que se tem registro. Dizem à voz pequena que ele fazia vista grossa para cristãos que fugiam, mas para que eles sorrissem, precisavam fazer o homem sorrir também.

O Rio é a terra onde a existência é dialética: ou você é malandro ou é otário. E essa definição é dinâmica, a cada hora é possível ser um ou outro, a disputa é constante. Outro dia mesmo, sentado num bar numa mesa numerosa o garçom chamou minha atenção para que eu ficasse de olho nele, porque ele poderia marcar mais chopps do que os de fato servidos! Ora, que garçom simpático: ao perceber meu evidente sotaque paulista, esclareceu as regras do jogo estabelecendo que para que ele não fosse malandro, eu precisaria me esforçar para não ser otário.

Mas o tema do post de hoje é outro. Um amigo gringo, mais gringo que eu, ao olhar o mapa do Rio perguntou: “mas afinal, cadê o rio?”. É evidente que se a cidade chama-se Rio de Janeiro, é necessário que lá existisse um rio.

Confesso que do alto da minha sabedoria eu não soube responder no momento àquela dúvida existencial. Mas fui pesquisar. Descobri que a malandragem carioca vem de tempos remotos. Estácio de Sá foi o primeiro malandro carioca. Querendo se livrar dos índios e dos franceses, fundou a cidade do Rio de Janeiro com o lema "Recte Rem Publicam Gerere" (Gerir a Coisa Pública com Retidão, sic). Chegando à baía de Guanabara em fevereiro de 1565, achou que o nome para a nova cidade “Baía de Fevereiro” não tinha o apelo turístico necessário. Fingiu-se desinformado e declarou que chegara em janeiro e que aquilo era na verdade um riozão. Ficou “Rio de Janeiro”.

Tendo dito, até!

3 comentários:

i disse...

Bicho, quem deu esse nome pro Rio de Janeiro foi Américo Vespúcio, em 1502; ele pensava que a barra da baía de Guanabara (entre o Pão de Açúcar e a fortaleza de S. João) fosse a foz de um rio. Ah, sim, e era dia 2 de janeiro.

Carlos Josemberg disse...

Caro Osrevni,

talvez sua versão seja correta. Mas certamente ela é bem menos interessante que a minha sábia versão.

abraço
Carlos

Anônimo disse...

E é por tudo isso que eu sou completamente a favor de um movimento de revitalização dos costumes cariocas! Nào acho que foi sempre assim!!! O Rio é uma cidade linda e pode ter um povo maravilhoso e civilizado!! Basta querer!!
Alguém aqui é carioca?? Sei que o autor é paulista...

Inté