sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Moonraker (1979)



Esse é o verdadeiro Bond, que agrada completamente aos sábios que aqui escrevem. Roger Moore está no auge de sua elegância, senso de humor e – principalmente – atividade amorosa. Jimmy é irônico, divertido, sofisticado. Não há nenhuma brutalidade na interpretação de Moore, apesar de haver bastante violência e, de forma surpreendente, bastante ação. A começar pelo salto do avião, sem pára-quedas, que Bond faz logo no início. Uma seqüência memorável, na qual ele rouba o pára-quedas de um vilão em plena queda e depois é perseguido por Jaws, ainda no ar.


Jaws, pulando de pára-quedas e...


... sua namorada Dolly, a Chiquinha nórdica.


O amor pode ser feio...

Falemos de Jaws, que se torna um personagem afável nesse filme. Amedrontador, depois da luta no bondinho do Pão-de-Açúcar, ele encontra seu verdadeiro amor numa moça que mais parece a Chiquinha nórdica: óculos redondos, trancinhas, sardas e... loira.


Jimmy, no auge do programa espacial britânico

Ao final, na base espacial sendo destruída, Jaws ajuda Bond a se livrar do vilão e ainda fugir no ônibus espacial, sacrificando a própria existência. É a típica história do ajudante de vilão que se arrepende quando percebe que está do lado errado.


Roger Moore, o maior de todos os 007. Reparem no relógio digital, última moda dos tempos hi-tech de conquista espacial


Tratemos do enredo, talvez o mais fantasioso de todos os filmes. O vilão, sofisticado (ele tem um chateau francês na Califórnia), não demonstra nenhum sentimento e tem um plano de matar todos os habitantes da Terra e repovoá-la com humanos perfeitos, uma coisa bem fascistóide. O bacana é que essa loucura se materializa na seleção de uma quantidade infindável de mulheres lindas.


Srta. Goodhead (!), espiã da CIA e astronauta



Manuela, "contato" de Jimmy no Rio, com quem ocupa suas horas de lazer, já que Bond não sabe sambar


Corine, a habilidosa pilota de helicópteros


O serviço secreto, porém, não tem nenhuma pista desse plano maligno e acaba descobrindo por acaso (como acontece em outros filmes) por uma bobagem que o vilão deixou escapar. Vejam só: o cara é o construtor dos ônibus espaciais da NASA, ele mantém uma base espacial sem que ninguém perceba, graças a um sistema anti-radar. E ele manda uma dezena de ônibus pro espaço, com os humanos perfeitos, pra ficarem lá enquanto espalha um veneno letal pela Terra, pra matar todos os humanos restantes.


A luta no bondinho. Rio é terra de ninguém, ótima base para atividades escusas


Por alguma bobagem, um dos ônibus espaciais tem problemas na rebimboca da parafuseta e, para substituí-lo, o vilão rapta um dos ônibus do programa espacial Norte-americano que ia ser emprestado para os ingleses. Pra quê? Ora, pra chamar a atenção de James Bond. Custava apertar o pessoal nos ônibus disponíveis? Ou esperar um deles voltar pra pegar o pessoal restante? Todo vilão brilhante tem que fazer alguma coisa errada...


Drax, o vilão cabeçudo


Como todo filme de 007, há muitas referências. Algumas a outros filmes da série e outras externas. Destaco aquelas sobre filmes de ficção científica da época. Em primeiro lugar, há uma música de fundo que remete aos acordes iniciais de "assim falou zaratrusta", que marcou o filme 2001, uma odisséia no espaço. Em seguida, a senha para abrir o laboratório é a sequência numérica que dá o mesmo som que os humanos usaram para se comunicar com os alienígenas em Contatos Imediatos de Terceiro Grau. Por fim, não poderia esquecer, as armas laser da batalha na base espacial são clara referência às armas de Star Wars.


Sir Roger com algumas das humanas-perfeitas

Moonraker é, talvez, o filme mais completo da fase áurea de James Bond. Muitos brinquedos divertidos, um vilão bem mau, muitas mulheres (além das três amigas de Bond, mais um monte de figurantes), muitos cenários, incluindo o Brasil. Moore está no auge: ainda não tem as marcas da idade no rosto (que ficarão evidentes nos dois próximos filmes), mas já se sente totalmente à vontade com os trejeitos, sorrisos e – especialmente – movimentos de sobrancelha que ele imprimiu ao personagem. Eu adoro.

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