sábado, 11 de outubro de 2008

On Her Majesty Secret Service (1969)




Antes de tudo, vale o registro que considero horrendo o smoking que James Bond usa nesse filme, cheio de “plumas”. Quase uma coisa do século XVIII. É a vestimenta que inspirou a paródia de Mike Myers em Austin Powers. Ridícula. Como é também toda a combinação de cores dos cenários internos, marca dispensável do libertário fim dos anos 1960.



George Lazemby, grande homem. Grande Bond. Teve a tarefa árdua e infeliz de substituir Sean Connery. E o fez com estilo. É elegante, é mais britânico que o escocês que imortalizou o personagem, apesar de ser ele mesmo oriundo da colônia Austrália. Suas cenas de ação são ainda mais convincentes do que seu antecessor. A canalhice com as mulheres é ainda mais agressiva. O novo Bond já começa o filme dizendo algo como “isso nunca aconteceu com o outro camarada” em resposta à fuga da mocinha que o evita.

Eu sou do seleto time que gosta de Lazemby. Não diria que ele é melhor que Sean Connery, mas é um bom substituto no sentido de que todo homem envelhece, enquanto o personagem segue vivendo e precisa ser renovado. Fuma, bebe, joga o chapéu ao chegar no escritório, chega até a vesti-lo quando disfarçado. E fica realmente engraçado vestindo um quilte.



Talvez o grande motivo de insucesso de George Lazemby não seja sua atuação, mas o enredo do filme que encena. Bond se casa. Mas se casa com a mocinha mais difícil. Um tipo de patricinha revoltada. Filha de um vilão que propõe a Bond um “dote” de um milhão de libras para o casamento. Jimmy, que não faz o tipo gigolô recusa. Mas em troca de informação sobre outro vilão – o clássico Blofeld – aceita o desafio de conquistar o coração da moça. No fim, se apaixona de verdade.

Aliás, a moça antes disso já tinha arriscado uma posição “honesta”, ao retribuir a ajuda de Bond (que salvou sua vida e também pagou vinte mil francos pra ela no cassino) com uma noite de amor. Antes que seu caráter de mulher da vida ficasse confirmado, Bond acorda com os tais vinte mil francos no criado mudo. Tracy Bond, a linda Diana Riggs, faz o tipo mulher independente da era da libertação sexual. Ela bate, atira, pensa.



É interessante como grandes homens só se deixam levar por mulheres difíceis, problemáticas. Verdadeiros desafios. É quase uma regra. No caso de Jimmy, evidentemente, o personagem precisa seguir e, por isso, a moça morre. Um final trágico e belo. Único dentre todos os filmes da série (mesmo o recente Cassino Royale, no qual Bond se apaixona de verdade, a conclusão do filme não é tão emocional).

Mas gostaria de dizer um pouco mais sobre como George Lazemby lida com as mulheres, que é afinal o que mais gosto nele (descobri alguns sites interessantes com as fotos das bondgirls, cique aqui e aqui). Exemplo disso é a fungada que dá no pescoço de Miss. Moneypenny. Coisa que Connery nunca se arriscou. Ao chegar na clínica dos Alpes, ele encontra um monte de moças simpáticas e vai conhecendo uma a uma, com a mesma paquera! É simplesmente impressionante...



Registro ainda a deliciosa trilha sonora de Louis Armstrong, que embala as cenas de namorico de Jimmy e Tracy. (clique aqui para ouvir e ver a cena, precedida pela cena do casamento).

A tecnologia é interessante. Apesar de não contar com muitos brinquedinhos, Bond tem um Aston Martin é de um modelo daquele ano. Para decifrar a senha do cofre, ele usa um aparelho do tamanho de uma mala, sendo que no filme anterior bastava algo do tamanho de um celular. Felizmente a maquina serve de Xerox também, uma invenção que apenas naquele tempo estava se popularizando (clique aqui para ler a interessante história da Xerox).

Viva Bond apaixonado. Viva a primavera!

Um comentário:

Anônimo disse...

está apaixonado, josemba?