quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

The Living Daylights (1987)



Connery era bruto e cômico. Lazemby o imitou. Moore era um playboy irônico. Timothy Dalton é a versão de James Bond mais violenta, sombria e cruel. Dá até pra acreditar que esse homem é um assassino.


Existe alta correlação entre os filmes de 007 com carros legais e os meus filmes de 007 favoritos. Nesse caso, uma versão nova do Aston Martin, equipada com esquis de neve.


Estou na bucólica residência de campo dos Josemberg, ouvindo os sapos coaxarem. É muito interessante como eles começam sua composição coletivamente, todos cantando ao mesmo tempo, em harmonias curiosas e relaxantes. Sem aviso, todos interrompem a música ao mesmo tempo. Subitamente. Depois de alguns minutos, voltam, sem razão ou anúncio.


Se se carro está em chamas caindo de um penhasco, é melhor sair voando...


Voltemos a James Bond. Eu gosto de Timothy Dalton, mais do que a maioria dos críticos. É de fato um reflexo de seu tempo, os tristes, sombrios e chatos anos 1980. A AIDS já era assunto e, por isso, Jimmy acaba se dedicando apenas a uma garota, a violoncelista Kara. É verdade que logo na seqüência inicial (eletrizante perseguição em Gilbratar) Bond acaba aterrisando num iate com uma entediada morena, ávida por um “real man” que literalmente cai do céu. (Nota dos curiosos, nessa cena Dalton repete uma frase típica de Connery: “make it two”, sobre as horas necessárias até chegar no escritório...).


"I'll be at office in one hour. Better make it two."


Então, voltemos à Kara. Em alguma outra oportunidade eu já elogiei a beleza de Myrian D’Abo. A atriz é delicada, sem parecer sonsa. É a primeira intelectual que Bond conhece. Exímia violoncelista, ela toca um Stradivarius que ganhou de presente do vilão. Por acaso, o violoncelo acaba levando um tiro durante uma perseguição na neve, na qual o casal vinte foge sentado na caixa do instrumento de uns soviéticos maldosos, até conseguir cruzar a fronteira com a Áustria.


Bela e culta.


Gosto muito desse filme por seu “realismo” pouco comum aos filmes de 007. A trama consegue até fazer algum sentido e ser minimante convincente. Naquele tempo, a abertura da Perestroika já permitia alguma aproximação com o mundo socialista e, curiosamente, tudo se passa numa trama entre um traidor soviético e um mercenário americano que contrabandeiam armas.


"Eu sou um grande ator shakespeariano. Mas a grana apertou e aceitei essa tarefa ingrata..."


Gosto das cenas no deserto do Afeganistão, Bond é ajudado por uma versão carismática do Osama Bin Laden na luta contra os soviéticos. Naqueles tempos, vale lembrar, quem tentou invadir o Afeganistão foi a URSS.


Ser espião é saber se disfarçar...


Eu gosto de Dalton, por ser diferente. Por ser violento. Por ser frio. Por ser depressivo. Remete imediatamente aos livros originais de Ian Flamming (coisa que Dan Craig está fazendo de novo). Mas gosto dos filmes dele mais como uma curiosidade, como tudo nos anos 1980, que merecem ser lembrados como curiosidade...


Esportes radicais, usando instrumentos eruditos.

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