terça-feira, 4 de novembro de 2008

O árabe da esquina

Querida comunidade de sábios, eu voltei. Como diria meu amigo Zé, "decidi me impor um período de silêncio e reflexão" que se encerra hoje.

Não poderia voltar de forma melhor do que falando dos prazeres da gastronomia. É com muita surpresa e satisfação que constatei recentemente a presença do Kebab em muitos de nossos nobres centros paulistanos de boa comida e bom álcool. Pode ser na Vila Madalena ou na Paulista, surgem casas estilosas, para dizer o mínimo, cuja peça principal da decoração é a sublime presença de um enorme pedaço de carne de carneiro no espeto giratório.

Muitos se assustarão inicialmente ao associar o original e étnico Kebab ao antigo e degradante "churrasquinho grego" do centrão de São Paulo. Aviso aos navegantes: são coisas completamente diferentes. O Kebab recém-chegado reflete o que se tem de mais chic e sofisticado na Europa pós-imigração. O orientalismo ocidental na sua expressão mais autêntica e saborosa.

Para quem não sabe, Kebab significa em árabe "carne grelhada no espeto". Portanto, é simplificação, para um arabista original, chamar o delicioso sanduíche de Kebab. O mais correto é aplicar 3 variantes de diferentes origen étnicas que especificam melhor o prato: Gyros, do grego, Döner, do turco e Shawarma do árabe. Todas as palavras têm o mesmo siginifcado, "grelhado que gira". Por isso, leigos pelo mundo afora confudem a denominação desse sanduíche. Se você for para a Alemanha, país predileto entre os imigrantes turcos, só encontrará o Döner. Já se estiver Paris, encontrará tanto o Shawarma, vendido por argelinos foragidos, quanto Gyros, servido por gregos saudosos.

Agora podemos dizer que São Paulo pode entrar para o Hall das grandes cidades cosmopolitas do mundo. Depois de anos de voltas ao redor do mundo, eu sempre me perguntava por que eu nunca conseguia comer um bom Kebab às 3h da manhã em sampa (comprovadamente por cientistas otomanos, o melhor horário para o consumo do alimento).

Outra coisa que precisamos nos habituar é o aspecto junk food dessa deliciosa especiaria. Aqui em São Paulo, povoado por turcos ricos, somos acostumados a comer comida árabe em ambientes demasiadamente requintados, com gastronomia fresca e cara. Já o Kebab é do povo. É saboroso e popular. Na França, costuma-se dizer: "allons'y à l'arabe du coin"? O que significa, mais ou menos, vamos mandar uma coxinha no portuga da esquina?

Por isso, na próxima vez que você entrar em alguns dos novos Kebab's de São Paulo, não se esqueça, você entrará para o seleto grupo de pessoas sofisticadas e de acordo com as novas tendências do globo. Misture batatas-fritas americanas com um delicioso sanduíche das arábias e tenha uma síntese gastrônomica dos novos rumos do planeta.

Obs: Capriche no molho branco de iogurte.

Um comentário:

Anônimo disse...

que fome león!

você esqueceu de dar o endereço!