sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Thunderball (1965)



Vinho, frio úmido de início de primavera paulistana. Eu no cobertor e James Bond fica quase o tempo todo pelado. Seja na companhia de mulheres, seja apenas de sunga dentro da água. Para completar, há também o conjunto das alternativas, numa bonita cena de amor debaixo d’água.


Esse é o filme de maior sucesso de bilheteria da série. Grandes cenas, brinquedinhos, o clássico Aston Martin, mulheres sensacionais, e um vilão bem mau com bombas atômicas seqüestradas chantageando o mundo livre.

O pavor atômico é a marca desses anos e será recorrente na temática de Bond. A solução pacífica da crise dos mísseis em Cuba, entre o para-sempre-queridinho Kennedy e o revisionista Krushev, porém, forçou a criar vilões não alinhados com os soviéticos.

A SPECTRE é uma organização muito curiosa e doentia, já que fica fazendo planos complicados e arriscados para conseguir dinheiro. Destaque-se que é nas Bahamas que vive o vilão, numa bela casa com uma piscina com tubarões. Os vilões deviam aprender com alguns empresários brasileiros que conseguem chantagear governos e ficar ricos em negócios legalizados sem precisar de bombas e lasers.

Falemos das mulheres. E quantas!

Na clínica de recuperação, Jimmy já se entende com a massagista, a bela Molly Peters. Uma moça moderna como seu tempo, com o início da era do rock’n’roll e da liberdade sexual.

Fiona Volpe (Luciana Paluzzi, sempre as italianas...) é uma assassina da SPECTRE que tenta matar 007 mas acaba em sua cama. Mesmo sendo a sexy e bem resolvida pilota de motocicleta com metralhadoras, ela fica ofendida ao saber que Jimmy “não sentiu nada, fez apenas por motivos profissionais”. Ela deve ter ficado magoada com o comentário deselegante e tenta reatar relações com o agente durante uma dança no carnaval caribenho. Bond, que não gosta de manter suas mulheres vivas por muito tempo, usa ela de escudo contra um atentado durante a dança.


A mocinha mesmo da história é Domino, namorada do vilão, que Bond conhece durante um mergulho (Claudine Auger). É típica boa-moça, não fosse um pedaço de mau caminho já percorrido. Ao longo do filme ela percebe que o namorado é do-mau, além de muito feio, e faz a troca racional.



Por fim, há a assistente de 007, Paula Caplan (a morena Martine Beswick). Não dá pra entender muito quais tipos de assistência a moça presta, mas sua presença é suficiente para melhorar o bem-estar.


(logo no começo, Jimmy faz uma saida espetacular, repetida apenas na olimpíada de Los Angeles, com uma mochila-jato)

Goldfinger (1964)



He´s the man with the Midas’ toutch! Muito bem amigos. Esse é provavelmente o mais marcante de todos os filmes de 007. Depois dos dois primeiros, que ainda ensaiavam o estilo e não contavam com tantos recursos, em Goldfinger definiu-se o que conhecemos como um típico filme de James Bond: muitas cenas de ação, cenas abertas, muitos figurantes e tudo mais. E claro, muitas mulheres e brinquedinhos divertidos.

Falemos dos brinquedinhos. O mais legal que 007 tinha até então era uma maleta bacana. Em Goldfinger ele tem um carrão, o famoso Aston Martin, todo equipado, incluindo um assento ejetável. “You must be joking!”, “I never joke about my job, 007”, responde Q.

E quantas mulheres! A primeira de todas é uma moça do cabaré, sem nome, que ele usa de escudo contra um ataque surpresa. A segunda, é Jill Masterson, que morre pintada de ouro. Logo depois, aparece a irmã, Tilly Masterson – gatíssima – que por ser irmã não poderá entrar pra lista de James, então ela morre antes que dê tempo de um envolvimento, digamos, mais físico. Por fim, a pós-balzaca Pussy Galore (como eu adoro os nomes das bondgirls!).


E são todas ligadas de uma forma ou de outra ao vilão da história, o doido e milionário Auric Goldfinger que, apesar de inglês, parece uma mistura de holandês com alemão (daria um dinamarquês?). Vilão tão estranho que dá umas três ou quatro chances pra 007 continuar vivendo. Incauto!

Jill é a “acompanhante” do sujeito e – evidentemente – não resiste ao charme de Sean Connery. Como recompensa, é pintada de ouro e morre.


Tilly quer vingar a morte da irmã e acaba se aproximando de 007. Acaba levando um chapéu no pescoço e morre. Um desperdício. Aliás, chapéu que já virou clássico, lançado por Oddjob, um coreano mudo e risonho.

(pobrezinha, não deu tempo de conhecer melhor o 007)

Três notas importantes, antes da próxima mulher: nesse filme James Bond não usa chapéu em nenhuma cena. É o fim da moda. Ele apenas lança o chapéu para o cabide quando visita M, mas na saída não o encontra de volta. Os chapéus nunca voltaram à moda masculina, o que é muito lamentável. Outro destaque é que Goldfinger tem um exército de coreanos ao seu dispor. Não sei como ele conseguiu levar todos esses paramilitares pra dentro dos EUA sem ter problemas na imigração. Os curiosos notem que é nesse filme que Sean Connery fala pela primeira vez a frase “shaken, not stirred”, para a forma de preparar seu drinque de vodka e Martini (Dr. No e um barman fazem também referência a esse estilo, mas não são palavras pronunciadas pelo próprio 007).

Chegamos a ela, Pussy. Mulher durona, pilota aviões e está junto com o vilão no plano maligno para zuar o Forte Knox. É uma mulher madura, segura de si, bem diferente do estilo bondgirl. Mas – é claro – mudará de lado depois de se aventurar com James numa tarde de prazer no feno. Essa não morre.



Para além das coisas divertidas e impecáveis desse filme, há a curiosa preocupação com o padrão-dólar-ouro então vigente, o sistema de Bretton Woods. O plano do vilão é explodir uma bomba nuclear no Forte e tornar o ouro americano (que lastreava o dólar) inutilizável, o que levaria a um aumento no preço do ouro. Como Goldfinger tinha muito ouro, ele ficaria ainda mais rico. Mal sabia ele que alguns anos depois, Nixon geraria o mesmo efeito com apenas uma canetada, sem precisar implodir o Forte Knox...

O deleite dos filmes dos anos 1960 é a forma explícita que a natureza canalha e bêbada de James Bond é retratada. Com a elegância que só Sean Connery seria capaz. Ele está o tempo todo fumando, bebendo e soltando as cantadas mais chulas para as mocinhas. E mesmo assim ele salva o mundo!

terça-feira, 23 de setembro de 2008

From Russia with Love (1963)

Camaradas,
Uísque, uma boa cigarrilha Romeu e Julieta e um pouco de pistache. Harmonizou bem com esse excelente segundo filme da série. O enredo é uma certa palhaçada: a SPECTRE, pra vingar a morte do Dr. No, coloca uma russa deliciosa de isca para pegar James Bond. O pretexto para aceitar a missão é roubar uma máquina decodificadora soviética, aproveitando que Jimmy “não está ocupado no momento”.

(Abaixo, a foto que 007 recebe de isca, fica difícil recusar uma visita à Turquia, por mais que pareça trote. E naquele tempo nem dava pra entrar no Orkut e conferir as comunidades da pretendente).



O mais legal do filme é que não há nenhuma cena na Rússia. Quase tudo se passa na Turquia, a antiga fronteira tensa entre o mundo socialista e o capitalista. Praticamente a Cuba européia. O vilão, felizmente, não é soviético, mas a organização criminosa Spectre. Tem lá uns russos (o jogador de xadrez é a cara do Putin) e também uns alemães, incluindo o vilão casca-dura que luta com Bond no trem. Aliás, Bond só percebe que ele é um vilão depois que decide misturar vinho tinto com carne branca. Um erro imperdoável nos anos 1960, mas uma mistura que poderia ser feita com tranqüilidade nos dias de hoje.


Um monte de turcos morrem só pra que 007 consiga fisgar a isca, a bela Tatiana Romanova (interpretada pela miss Itália 1962, Daniela Bianchi). É uma tristeza o tamanho de seu egoísmo. Mas é uma alegria o sorriso da moça.

Mais divertida é a cena com os ciganos, com duas mulheres brigando pra ver qual casará com o filho do chefe. Na briga, só faltou o gel ou a lama. É bem divertida mesmo. No final, Bond salva a vida do chefe cigano e passa a ser considerado “seu filho”. Por isso, pede que as moças parem de brigar. Para resolver o conflito, então, ele se tranca numa barraca com as duas, para uma avaliação de desempenho. No total do filme, Sean Connery se dá bem com quatro belas moças, incluindo um "assunto do passado" que ele resolve logo no começo do filme, depois de atender a um celular primitivo.

Pra fechar, a foto do encontro entre James e Tatiana, apropriadamente vestidos e com os devidos instrumentos para garantir um sexo seguro.
Tendo dito, até!