sábado, 28 de março de 2009

Solidão



Camaradas,

Há muito de sabedoria em Aldir Blanc. Um dos maiores gênios da música brasileira.

Flores de Lapela

Você vai dizer que sabia
Que isto ia acontecer,
Que eu bebia em demasia
E maltratava você.
E eu vou dizer que você
Já não era mais aquela,
Um mero enfeite sem vida
Feito flores de lapela.
Tantos dirão tanta coisa
Mas maldade vai sobrar,
As bocas mudando as versões
Feito as toalhas de um bar...
Apenas o armário de espelho
No banheiro
Diz o que é solidão:
Se o amor anda ausente
O armário só guarda
Uma escova de dente.

Grandes Estadistas Brasileiros

Camaradas,

Os grandes estadistas acontecem pela conjunção da virtude, que lhes é própria, com a fortuna, que lhes acontece por pura sorte. Já me dizia o pequeno Nicolau.



O Brasil teve, em sua história republicana, apenas um estadista unânime, JK. O cara era realmente foda. E "foda", nessa colocação é o que há de mais bacana dentre os adjetivos.



Lula (paz, amor, "eu fui traído" e marolinha) é possivelmente o novo líder unânime. Daqueles que a história irá lembrar e que toda cidade terá uma avenida com seu nome.



Mas, para alcançar o reino dos céus e a memória eterna, vai ter que se livrar do Henricão. Será que ele tem peito pra isso?



Nota: Getúlio Vargas teria esse lugar na história também. Porém, São Paulo jamais o aceitará. Não há na capital paulista nenhuma via pública, ou monumento, em memória a este grande homem. Viva MMDC!

Curiosamente, a FGV foi instalada à beira da avenida 9 de Julho.



tendo dito, até!

terça-feira, 24 de março de 2009

Entrevista sábia

Caros,

Fico emocionado a cada palavra que leio de nosso ilustre e maioral Josemba. Fantástico! Suas últimas postagens sobre o tango e Perfume de Mulher me trazem à memória alguns homens que fascinam as mulheres por unirem à sua brutalidade e até crueldade um toque sedutor, um quê de superioridade indelével que as faz derreter por completo. Escreverei em breve sobre esses grandes da História: Che Guevara, Roberto Succo, Marlon Brando,...

Por ora, deixo-vos com uma das mais sábias entrevistas a que tive acesso nos últimos meses. Trata-se de Paul
o Ubiratan, médio de Porto Alegre, que questionado sobre vários conselhos que sempre nos são dados em relação a hábitos saudáveis, brindou-nos com brilhantes respostas:

1. Exercícios cardiovasculares prolongam a vida, é verdade?
Resposta: o seu coração foi feito para bater por uma quantidade de vezes e só... não desperdice essas batidas em exercícios. Tudo gasta-s
e eventualmente. Acelerar seu coração não vai fazer você viver mais. Isso é como dizer que você pode prolongar a vida do seu carro dirigindo mais depressa. Quer viver mais? Tire uma soneca.

2. Devo cortar a carne vermelha e comer mais frutas e vegetais?
Resposta: você precisa entender a logística da
eficiência... o que a vaca come? Feno e milho. O que é isso? Vegetal. Então um bife nada mais é do que um mecanismo eficiente de colocar vegetais no seu sistema. Precisa de grãos? Coma frango.

3. Devo reduzir o consumo de álcool?

Resposta: de jeito nenhum. Vinho é feito de fruta. Brandy é um vinho destilado, o que significa que eles tiram a água da fruta de modo que você tire maior proveito dela. Cerveja também é feita de grãos. Pode entornar.

4. Quais são as vantagens de um programa regular de exercícios?
Resposta: minha filosofia é: se não tem dor, tá bom.

5. Frituras são prejudiciais?

Resposta: você não está me escutando! Hoje em dia a comida é frita em óleo vegetal. Na verdade, ficam impregnadas de óleo vegetal. Como pode mais vegetal ser prejudicial pra você?

6. Flexões ajudam a reduzir a gordura?
Resposta: absolutamente não! Exercitar um músculo faz apenas com que ele aumente de tamanho.

7. Chocolate faz mal?

Resposta: tá maluco?! Cacau, outro vegetal! É uma comida boa pra se ficar feliz.
E lembre-se: a vida não deve ser uma viagem para o túmulo, com a intenção de chegar lá são e salvo, com um corpo atraente e bem preservado. Melhor enfiar o pé na jaca - cerveja em uma mão, tira-gosto na outra, muito sexo e um corpo completamente gasto, totalmente usado, gritando: valeu, que viagem!

Afinal, se caminhar fosse saudável o carteiro seria imortal.


Uma pausa para o meu exercício diário...

segunda-feira, 23 de março de 2009

Sobre como grandes homens podem embrutecer

Camaradas,

Estou sempre impressionado como o Youtube é fantástico. Outro dia eu falo mais sobre isso. Agora, inspirado no tema ‘Al Pacino’ lembrei do personagem que o fez famoso. Michael. Michele, Don Corleone.

O personagem mais elegante da história do cinema e, graças à duração da saga (umas nove horas ao todo), também um dos mais complexos. Ele era um rapaz apaixonado, idealista, puro. Até que a vida lhe ensinou algumas lições. Eu acho, especialmente, a cena que ele fecha a porta da cozinha na cara da Kay de uma profundidade e tristeza ímpares.

Notem que apesar de enxergar, Michael também sabe dançar ...

Perfume de Mulher

Camaradas,

A paixão é o que move os homens. E os grandes homens, os mais apaixonados, inspiram todos os outros que querem uma vida de virtude.

Fiquei muito sensibilizado com os comentários ao post sobre “tango ”, de ontem. Ao que parece, o sensual embaraço dos corpos dançantes emociona a todos.

Além disso, percebi que nossos leitores gostam muito do filme “Perfume de Mulher”. Sim, é um grande filme. É todo um conjunto de lições para jovens garotos que sonham com um futuro brilhante, como homens e como amantes.

Eis o trailer. Sempre achei que os americanos sabem fazer melhores trailers do que filmes. É verdade. Vejam esse! O rapaz apenas queria um emprego...




Selecionei algumas cenas imperdíveis, além do tango, que postei anteriormente. A primeira, inesquecível, é a da Ferrari. Qualquer homem quer fazer isso. É másculo. A aparição da machina rossa é quase tão sensual quanto uma dança de tango. É quade uma metáfora da relação do homem com uma mulher: no começo ele aprende. Depois acelera e se diverte! E só então o homem decide "dobrar" a moça... Ficar sem a visão, o sentido mais fácil de todos, deve tornar os outros muito mais apurados.



Por fim, a cena final. O discurso é bonito, empolgado. Tem uma conclusão emotiva, como todo bom filme americano. O veredicto é seguido por uma musiquinha e salva de palmas que pode arrancar lágrimas dos mais sensíveis. É um grande final. Hoo-haaa! (Atenção para a frase “thank you! are you married?”. Coisa de galã. Ele pode.)



Mas para os sábios de maior idade, ou mais ampla vivência, deixo outros trechos cinematográficos que farão a memória voar. Profumo di Donna, de 1974. Uns quinze anos antes de Al Pacino, Vittorio Gassman havia interpretado o mesmo personagem com maestria. Numa versão mais depressiva, européia, acompanhado por Cláudia Cardinale. Coisa divina.

Vejam esse belo arranjo:



“Já vi sua mulher algum ano atrás, numa casa de prazeres chamada ‘confusão’”... e depois dá uma porrada no cara errado!

E, pra terminar, a belíssima, trágica e profunda cena final:


No Brasil o outono está chegando. Mas na Europa é a primavera que faz cantar os pássaros e desabrochar as flores... até os sábios sentem!

Tendo dito, até!

domingo, 22 de março de 2009

Tomorrow Never Dies (1997)





Camaradas,

Retomo neste post a seqüência de comentários sobre os filmes de James Bond, que há muito estou me propondo. Os filmes da era Brosnan são muito especiais para mim, como já comentei, porque os vi pela primeira vez no cinema. Mais que isso, refletem a cultura – e a tecnologia – dos anos da minha perdida juventude.


"Parece carro de tiozão, mas tem opcionais popozudos"


Tomorrow Never Dies é o segundo filme com Pierce. Finda a guerra fria, provou-se que o mundo, a liberdade e a Rainha ainda corriam risco e, por isso, Jimmy ainda tem um lugar ao sol. A temática remete imediatamente aos filmes mais antigos, com um vilão psicopata que, mesmo já dispondo de uma gigante organização empresarial (que lhe garante recursos) inventa um plano mirabolante para desestruturar a ordem mundial. Nesse caso, é um empresário da mídia, dono de jornais, televisões e satélites, que decide criar um incidente entre a marinha britânica e chinesa que levaria a uma guerra de proporções catastróficas. Aparentemente, o vilão não quer dominar o mundo, mas apenas vender mais jornais...


"Se eu não fosse doido, não teria filme!"


Isso é um navio

As referências ao passado são várias. Em especial ao filme “You Only Live Twice”: há um vilão maluco que envolve uma crise mundial entre a velha potência e o país emergente. Nos anos sessenta era o Japão. Nos noventa é a china. (Cabe uma nota: no filme “You Only Live Twice” o vilão é na verdade uma organização chinesa, mas não há referência clara sobre isso. O interlocutor é sempre japonês).


"A gente vai se falando..."

A cena final, que no filme de Connery acontecia dentro de um vulcão-base-espacial, no novo filme acontece num navio stealth, invisível a radares. A semelhança estética é impressionante. Além disso, James se engraça com uma mocinha do país oriental nos dois filmes. Dessa vez é com uma chinesinha muito simpática do serviço secreto.


Levando o gigante vermelho na garupa, sem capacete

Outra referência aos antigos filmes é a relação de 007 com as mulheres. Além da chinesinha, James revive um caso da juventude dormindo com a esposa do vilão. E, lembrando Connery e principalmente Moore, há uma cena inicial de Jimmy “praticando línguas estrangeiras” com uma professora atraente...


No mundo globalizado é importante saber falar holandês.

Um último comentário é sobre a tecnologia. Outro dia eu li uma crônica interessante sobre como os celulares substituíram o cigarro como hábito geral: as pessoas saem dos aviões, dos escritórios e cinemas e logo ligam o telefone, já que não têm mais cigarros. A quantidade de modelos dos telefoninhos serve para dar alguma elegância que outrora foi conferida por cigarros. Com James Bond não é diferente. Em 1997 os telefones celulares dominaram o mundo e, no caso do MI6 o telefone serve também para dirigir carros. A seqüência de perseguição com um carro de controle remoto é sensacional.

"Mãe, eu também quero um carro desses!"

Tendo dito, até!

Tango

Camaradas,

De quando em quando minha sabedoria fica menos racional e mais passional. O tango é a coisa mais sensual que nossos hermanos do sul inventaram. Enquanto as letras são de uma simplicidade humilde e profunda, como nosso samba, a dança é sublime.

Selecionei aqui algumas demonstrações. Primeiro o filme "Tango", de Carlos Saura.





Mas temos também a clássica cena do Al Pacino cego (eu prefiro o filme anterior, com o Vitorio Gasman, mas essa censa do tango, junto com a da Ferrari fazem a nova versão valer a pena). Coloquei aqui a versão longa, desde o comecinho, que inclui o chaveco sensacional.



Para terminar, uma sequência com muitas, muitas mesmo, Monicas Beluccis...



Tendo dito, até!