sábado, 18 de outubro de 2008

The Man with the Golden Gun (1974)



O melhor vilão de todos os filmes de 007 é Scaramanga (interpretado pelo ator-vilão Christopher Lee), um homem que usa uma peculiar pistola de ouro – que recentemente foi roubada – e é páreo em habilidades e hábitos para James Bond. Exímio atirador, bom vivant completo e amante de belas mulheres, Scaramanga é um matador profissional, contratado para os trabalhos mais delicados. É também um admirador do agente secreto, por considerá-lo um homem muito parecido com si. Além disso, Scaramanga tem um monte de brinquedinhos divertidos, incluindo um carro com asas que voa.


(Que olhos...)

Sua amante, a bela Andrea Andress, insatisfeita com a frieza do ouro da pistola, percebe que o único homem capaz de matar Scaramanga é Bond e dá um jeito, pouco convincente, de trazê-lo para perto e, com isso, gerar um conflito que poderia salvá-la do amante-vilão. Coincidentemente, Scaramanga está envolvido com o assassinato de um cientista que inventou uma placa de captação de energia solar, o SOLEX, bugiganga que poderia resolver a crise energética que o mundo vivenciava depois do choque do petróleo. Por acaso, Bond (o homem mais sortudo do mundo) estava na hora certa e no lugar certo: resolve sua picuinha pessoal com o matador e ainda soluciona uma missão secreta.


(Essa cansou da pistola de ouro)

A trama se desenvolve nas beiradas chinesas, Macau, Hong Kong e algumas ilhotas. No início dos anos 1970 a China era o país do momento (como é novamente hoje), e estava mudando o cenário político e econômico mundial. A visita de Nixon a Mao acontecerá poucos tempo antes.


(Chew Mea - que nome! - como veio ao mundo)

Falemos da estética daquele tempo. As cores são todas um pouco destoantes, com combinações que passariam por bregas nos dias de hoje. Curiosamente, o estilo das mulheres é bastante próximo ao atual, em termos de maquiagem, cabelos etc.


(charuto, uisque e um magnífico abdômem)


Ah... as mulheres. Andrea Andress é um mulherão, com feições agudas, olhar decidido. Para “conhecê-la”, Bond não hesita em trancar o jantar da noite no armário, pra que esperasse sua vez. O jantar é Mary Goodnight, uma agente secreta tão atrapalhada quanto sua beleza é delicada. Gosto da longa seqüência de ação final que ela veste apenas um biquíni.


(Boa noite, Goodnight. Acho que você chegou em má hora)


(Boa noite, Goodnight. Você fica pra depois)

Além dessas duas principais, Jimmy encontra uma habilidosa dançarina do ventre, enquanto fuma seu charuto (são quatro ao longo do filme) e depois se depara com Chew Mea, vestida de água, na piscina do vilão.
Com esse filme, Roger Moore firma os aspectos da personalidade de Bond, como sua elegânia, desdém, peculiar senso de humor e completo desapego às coisas que não seus prazeres ou sua missão. É o maioral.


(Olha que pedras bonitas...)


(olha a máquina que controla o SOLEX)


Só pra fechar, a sequência em que Bond dá uma pirueta de carro:



quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Sobre Chopp



Camaradas,

Sempre defendi que o chopp paulista e o carioca deveriam receber nomes diferentes pois são bebidas diferentes, apesar de ambas muito gostosas.

Eis que o nosso bom Estado brasileiro está tentando agora regular o chopp. Uma decisão de um juiz catarinense (não consigo me recordar do chopp de SC, apesar de lembrar que ele fica muito bom combinado com camarões, na lagoa da conceição) afirma que o o colarinho faz sim parte do chopp e, portanto, podemos concluir que essa forma - paulista - é a considerada oficial.

leia a noticia aqui

Muita experiência com chopp, e com intervenção estatal, me permite afirmar que a liberdade é fundamental e geradora de prazer. Deixe todos serem felizes e tomarem o chopp que quiserem. Live and let die!

Tendo dito, até!

Live and Let Die (1973)



Fanfarrão. Isso é o que Roger Moore é: o maior fanfarrão de todos os James Bond. Em outro momento já expressei minha predileção por esse ator (finalmente um inglês) que além da elegância peculiar consegue dar ao personagem um aspecto único de desdém.

Tudo para ele é fácil e simples. Mesmo que pra isso precise contar com a sorte. Ele é alto, esguio e não consegue fazer cenas de ação sem beirar o patético. É engraçado.
Moore está nesse filme apenas iniciando sua longa carreira como Jimmy. Ainda não está totalmente à vontade com o personagem, ainda precisa se referenciar em seus antecessores enquanto começa a construir sua própria versão: o cafajeste incorrigível.


(Jane Saymor, a Solitaire taróloga)

Bond demora os primeiros quarenta minutos do filme pra conhecer três namoradas. A primeira uma espiã italiana. A segunda, uma agente da CIA, que na verdade trabalha pro vilão. A terceira, uma taróloga. É com essa que ele passa o resto do filme e, finalmente, pode se dedicar a coisas de segunda importância como salvar o mundo.



Destaque para o fato de que nesse filme Jimmy não pede Martini, preferindo Uísque nas duas oportunidades que tem. Além disso, não hesita em fumar longos charutos, com a expressão de um homem que sabe que o mundo pode esperá-lo.


(Rosie, a agente dupla)

Os brinquedinhos não desempenham papel central, mas aparecem. Principalmente o relógio magnético que serve para atrair objetos metálicos e abrir zíper de vestidos femininos. O que marca mesmo é a nova postura de James Bond perante o mundo.

Pela primeira vez, nesse filme a cena inicial do agente atirando contra o revólver (e depois a tela fica sangrando) está sem chapéu. Enfim nenhuma referência mais ao chapéu. Os costumes são outros. Os anos 1970 apontam para uma era de novidades, de mudanças.


(A agente italiana...)


A primeira coisa é a liberdade sexual, que leva a canalhice de Bond ao limite. Em segundo lugar, a reviravolta no equilíbrio mundial, com o fim dos sistemas criados pós-guerra, em especial o padrão dólar-ouro. O equilíbrio político também passa a ser abalado. A guerra fria toma proporções novas com o Vietnam. Agentes não-estatais começam a ter importância nas relações internacionais, como a OPEP e organizações terroristas ou mesmo articuladas com o crime organizado e tráfico de drogas. Tudo isso marca o universo do novo Bond, de Roger Moore.



Aliás, deve-se comentar também a aparição da casa de 007, muito bem arrumada e espaçosa. Com uma ampla e equipada cozinha que inclui uma sofisticada máquina de café. Moore cria um Bond que é, além de tudo, exímio cozinheiro. Faz um belo café expresso, com creme e tudo. Num outro filme (a ser comentado no futuro) chega a cozinhar uma quiche!



Registrado todo meu deleite em ver Moore, cabe também comentar que em 1973 os EUA viviam a febre do movimento negro, e a cultura negra estava ganhando rapidamente e com força espaço. A estética, então, segue os cabelos Black-power, bem como a música e cenários em New Orleans. Entretanto, os negros no filme são todos vilões, ou traidora no caso da agente da CIA. Com exceção de Quarrel Jr., que é fiel amigo de Bond, cujo pai já havia aparecido em Dr. No.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Diamonds are Forever (1971)



Quando eu era mais jovem, e menos sábio, gostava desse filme. Não sei por quê. Ao assistir novamente ontem percebi que talvez seja um dos menos interessantes da série. Bem, depois da tentativa de substituição com Lazenby, Sean Connery volta a viver James Bond nesse filme, mas ele já está cansado. Cansado do próprio personagem e já não o leva mais a sério. Ao mesmo tempo, Connery faz uma versão mais madura e menos passional do personagem. Acho que é por isso que me incomoda.


(Brinquedo de criança crescida)

A dupla de vilões-viados Mr. Wint e Mr. Kidd é bem irritante. Não chegam a ser maus, não são geniais nem suficientemente engraçados. Acho desnecessário. Há também outros motivos que decepcionam. Os brinquedinhos, apesar de úteis, não são tão fantasiosos: uma impressão digital falsa aqui, um revólver pra lançar ganchos de alpinismo lá... um bonito Mustang vermelho, mas sem opcionais.


(Hidroginástica)

Brinquedinhos mesmo têm o Blofeld, que faz cópias de si mesmo em outras pessoas por cirurgia plástica, e cria um satélite de diamantes capaz de focalizar energia e explodir qualquer coisa na Terra (tema que será retomado pelo vilão no Die Another Day). Além disso, Blofeld tem um buggy lunar, daqueles que impressionaram o mundo nos primeiros anos da década de 1970 devido à conquista da Lua e à transmissão ao vivo e a cores para as TVs de todo o mundo. Jimmy, evidentemente, faz uma bonita cena de fuga usando esse equipamento no deserto americano.



Las Vegas é o principal cenário desse filme. É uma cidade em constante transformação e acho muito curioso ver outros filmes mais recentes que se passam lá e comparar com esse: há poucos prédios altos em 1971. A maioria das construções é bastante horizontal e as luzes são completamente aleatórias. Uma lei “cidade-limpa” faria bem, nesse caso. A extravagância já estava lá. Faltava só o tempo pra construir pirâmides, torre Eiffel e outras atrocidades...


(A bela e honesta Plenty ajuda nos dados)

É no cassino que Bond conhece Plenty O’Toole (divino nome, divino decote), uma moça totalmente honesta que se aproxima dele ao ouvir as cifras de seu jogo. Por ajudá-lo a lançar os dados, recebe cinco mil dólares de gorjeta (valor bem gorducho para a o período dos últimos suspiros de Bretton Woods). Em troca, vai direto para o quarto de 007. Tristemente, a moça é defenestrada (literalmente) e James acaba a noite com Tiffany Case (outro nome curioso).


(Tiffany é interessante, mas não cativa)

Plenty, vivida pela linda Lana Wood, é muito mais atraente que Tiffany (Jill St. John), mas é com essa última que Bond se enrosca no filme. Talvez por ser um recém viúvo amargurado, nesse filme Jimmy só contabiliza uma namorada, apesar de cruzar com tantas outras moças interessantes pelo caminho. A honesta Plenty é a melhor delas. Logo no início do filme James arranca o sutiã de uma outra moça simpática – anônima – para com isso conseguir informações, mas não há registro se a conversa seguiu sua trajetória natural. Posteriormente, Bond é recebido por uma dupla de acrobatas que lhe proporcionam atividades violentas, mas cuja energia é apagada ao serem jogadas na piscina.


(assim fica fácil conseguir informação)

Bem, já falei demais de um filme que não me atrai tanto. Gostaria apenas de registrar uma curiosidade sobre o enredo. James Bond acaba salvando o mundo de um plano maligno de Blofeld, mas sua missão original não era essa. Ele acaba descobrindo essa trama por acaso, ao pesquisar sobre tráfico ilegal de diamantes. E aí a coisa é curiosa: o serviço secreto britânico teria sido orientado por uma grande empresa de diamantes para investigar o tráfico ilegal pois estaria receosa de ter problemas comerciais! Isso em tempos que se discutia e protestava abertamente sobre a questão dos diamantes africanos e os conflitos sociais e políticos daquele continente por esse motivo...